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Como prevenir a Seletividade Alimentar: educação nutricional e o papel da família

A alimentação é muito mais do que um ato mecânico ou uma lista de nutrientes. Ela carrega significados profundos, impacta o desenvolvimento físico e emocional das crianças e reflete a dinâmica familiar. No entanto, a seletividade alimentar é um desafio crescente para muitas famílias. Entender como construir um ambiente que favoreça a aceitação de novos alimentos e a construção de um repertório alimentar saudável é essencial para que as crianças cresçam com hábitos equilibrados e uma relação positiva com a comida.

 O repertório alimentar de uma criança não se forma da noite para o dia. Ele é construído gradualmente, desde a introdução alimentar até o momento em que se consolida, entre os 5 e 7 anos de idade. Esse período é crucial porque, após essa fase, ocorre a chamada “poda neural”. Durante essa reorganização cerebral, o cérebro elimina conexões que não foram suficientemente utilizadas e fortalece aquelas que foram. Por isso, os anos iniciais são os mais favoráveis para trabalhar a educação nutricional e a aceitação de novos alimentos. Oferecer variedade, criar momentos positivos nas refeições e evitar práticas que gerem resistência são ações que podem influenciar diretamente o repertório alimentar da criança.

 

O papel da família nos hábitos alimentares

Os hábitos alimentares dos pais e da família desempenham um papel fundamental no processo de aceitação alimentar das crianças. Afinal, a alimentação é inerente a quem cuida da criança: é na família que as bases para um paladar saudável são construídas.

A influência do exemplo

Se os pais ou responsáveis demonstram prazer em consumir frutas, legumes e verduras, isso incentiva a criança a experimentar. Por outro lado, se há resistência ou reclamações em relação a certos alimentos, a criança tende a seguir o mesmo padrão.

Além disso, os pais precisam refletir sobre a maneira como lidam com a alimentação ao longo da vida da criança. Muitas vezes, incentivam-na a comer demais na infância e, na adolescência, pressionam-na a comer menos devido à preocupação com o peso. Essas mensagens contraditórias podem criar confusão e impactar negativamente a relação da criança com a comida.

 

Evitar comparações e reconhecimento baseado em desempenho

Comentários como “Parabéns, comeu tudo!” ou comparações com outras crianças podem criar a necessidade de validação externa. A alimentação deve ser uma experiência positiva e natural, não uma tarefa que precisa ser cumprida para agradar aos pais.

 

Por que forçar a comer é prejudicial?

Forçar a criança a comer pode ter efeitos duradouros, como a criação de aversões alimentares. Quando as refeições se tornam momentos de pressão ou conflito, o sistema nervoso da criança reage como se estivesse diante de uma ameaça.

 

A neurociência por trás do momento da refeição

O nervo vago, que conecta o cérebro ao intestino, é ativado em situações de alerta emocional, como ambientes hostis ou estressantes. Isso reduz a saliva, desacelera a digestão e desvia a energia do corpo para preparar a criança para “lutar ou fugir”. Na prática, isso significa que a criança pode perder completamente o interesse em comer.

Essa neurocepção de ameaça pode ser desencadeada por várias situações:

    • Obrigar a criança a comer;

    • Pressioná-la com cobranças constantes;

    • Criar um ambiente de tensão durante as refeições.

Além disso, a experiência pós ingestão também é determinante. Se a criança sentir desconforto, enjoo ou outros efeitos desagradáveis após comer um alimento, ela pode rejeitá-lo no futuro.

 

Estratégias para promover uma relação saudável com a comida:

1. A refeição deve ser um momento positivo

A hora de comer não deve ser encarada como um momento de ensino ou cobrança. Isso acontece antes ou em outros contextos. Durante a refeição, o ambiente precisa ser leve e acolhedor, sem pressão para que a criança consuma tudo o que está no prato.

Uma estratégia eficaz é incluir alimentos “de segurança” — aqueles que a criança já aceita — junto com novos alimentos, sem forçar sua inclusão no prato. É válido, por exemplo, colocar o alimento novo no prato dos pais para que a criança possa observar e, eventualmente, demonstrar curiosidade.

2. Adote a escuta ativa

Uma ferramenta poderosa na educação alimentar é a escuta. Escutar verdadeiramente a criança ajuda a compreender suas preferências, medos e limites. Existem diferentes níveis de escuta que podem ser praticados:

    • Escuta de download: A pessoa ouve enquanto já formula uma resposta. Não é produtivo.

    • Escuta factual: A pessoa ouve, mas projeta suas próprias crenças.

    • Escuta empática: A tentativa de entender o mundo pela perspectiva da criança, com coração aberto.

    • Escuta gerativa: Busca identificar como o presente se conecta com o futuro desejado, incentivando mudanças positivas.

3. Compreenda o medo da criança em relação aos alimentos

O medo visual é um dos fatores que pode levar a criança a recusar novos alimentos. Quando ela vê algo desconhecido no prato, pode se sentir insegura. Lembre-se de que nosso corpo é programado para rejeitar o que não conhecemos, como mecanismo de proteção.

Por isso, é importante expor a criança a novos alimentos de forma gradual e lúdica. Antes de colocá-los no prato, apresente-os em brincadeiras, histórias ou até no momento de cozinhar juntos.

4. Evite a padronização na maternidade e na alimentação

A padronização das práticas maternas e alimentares pode sufocar o autoconhecimento dos pais e da criança. Cada família tem suas próprias dinâmicas, e impor padrões externos de alimentação pode gerar frustração e desconexão.

O foco deve ser no reconhecimento das necessidades individuais da criança e da família, sem comparações ou exigências baseadas em modelos irreais.

 

Conclusão

A alimentação infantil é um processo que vai muito além de uma simples lista de alimentos a serem consumidos. É sobre criar um ambiente acolhedor, respeitar o ritmo da criança e cultivar uma relação saudável com a comida.

Quando os pais agem como exemplo, escutam verdadeiramente suas crianças e criam um espaço positivo durante as refeições, ajudam a formar uma base sólida para a saúde e o bem-estar a longo prazo. O esforço para prevenir ou lidar com a seletividade alimentar não é apenas uma questão nutricional — é um investimento no desenvolvimento emocional e na felicidade da criança.

Lembre-se: comer é inerente à criança, assim como alimentar é inerente a quem cuida dela. Com paciência, dedicação e compreensão, é possível transformar os desafios alimentares em momentos de conexão e aprendizado.

 

Transformando hábitos alimentares para um futuro mais saudável!

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